maio 2018

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    Manuel Teixeira-Gomes | O sitio da mulher morta

    "O SÍTIO DA MULHER MORTA"

    Já totalmente impossibilitados de trabalhar, os Elisiários, meus velhos caseiros dos Pegos Verdes, tinham abandonado a propriedade recolhendo-se a um casebre que possuíam na povoação vizinha, a Figueira. 

    Mas como eu lhes desse uma pensão, que embora insignificante os ajudava a viver, mostravam-se-me gratos, e iam amiúde ao Convento (era assim designada a propriedade, desde tempos imemoriais, por encerrar o único convento que existia léguas em redor), não para fazer as suas devoções, mas para observar o que lá se passava e dar-me conta do que espiolhavam se alguma vez adregava encontrarem-se comigo. 

    Tinham sido eles que me indicaram para sucessor o António Sagreira, dono de duas courelas minhas estremenhas, rendeiro de várias várzeas que me ficavam fora de mão, e habitual e principal empreiteiro do serviço das belgas que transformam os matos em terras de semear.


    A indicação surpreendera-me bastante, porque havia entre eles uma antiga rixa que não admitia tréguas, porém depressa compreendi as razões que a motivaram: o Sagreira era implicativo e pechoso, e tinha três filhos valentões que lhe reforçavam a argumentação, mesmo quando sofística; assim os meus velhos caseiros se vingavam dos vizinhos com quem haviam andado às bilhardas, e ao mesmo tempo impingiam-me um sucessor que pelas suas malas-artes me faria lamentar a ausência dos reformados.

    Com efeito a entrada em funções do Sagreira iniciou uma era de revolução ......Continua aqui




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